22 abril 2006

Eu e o meu futuro...


Este post surge porque às vezes a melhor forma de exorcizarmos os nossos medos, os nossos receios, ou pelo menos diminui-los, é falarmos sobre eles. É partilharmos o que sentimos.
Recentemente fui confrontada com uma agitação frenética por parte dos meus colegas, despoletada por uma reunião sobre estágios. De repente deu-se uma correria sem precedentes para fazer currículos, para procurar sítios onde fazer estágios e.. eis que surge em todos a preocupação natural com o estágio. Fui cilindrada por esta agitação, incapaz de me por à margem de tudo isto. E assim veio ao de cima uma preocupação, um receio que já há algum tempo me tinha começado a infernizar, mas que até aqui tinha mantido controlado e escondido, já que faltava uma enormidade de tempo, pensava eu, para me deparar com esta realidade.
Não me preocupa propriamente para onde vou, se vou para longe ou perto de casa, se fico em Portugal ou se vou para fora. Preocupa-me o que vou fazer e quais serão as minhas capacidades para fazer o que me for proposto. Assusta-me a ideia de deixar de fazer a única coisa que sempre soube fazer na minha vida: estudar. São demasiados anos envolva em livros e cadernos, em colegas e professores, em trabalhos e exames, na vida de estudante duma forma geral.
Ao fim de quase quatro anos de curso, quando o fim já se avista no horizonte, continuo a sentir que pouco sei, que pouco aprendi sobre a minha área nestes quatro anos. Se calhar não era suposto aprendermos muito sobre determinada área. Se calhar a intenção era aprendermos algo sobre nós próprios, sobre as nossas relações com terceiros, sobre como trabalhar sobre pressão, sobre como saber coordenar uma enormidade de trabalhos completamente distintos e mesmo assim fazê-los com alguma qualidade. Não sei se era isso que era suposto termos aprendido, mas é isso que consigo espremer de quatro anos de ensino superior e sobra muito pouco de aprendizagens que possam um dia a ser úteis no que trabalhar. Sobra muito pouco de informação sobre as áreas em que temos hipótese de enveredar. Essa é outra das minhas preocupações... O que fazer? Que área seguir? Tenho as minhas hipóteses, como é óbvio, mas será que se escolher alguma delas vou gostar realmente? Não me estarei a iludir pensando que determinada área propociona algo que não é bem a realidade?
Achei por bem que este ano estaria na altura de desfazer algumas dúvidas sobre as áreas que me interessam. Decidi assim começar a trabalhar no laboratório de ambiente do técnico. Não posso dizer que me tenha desiludido, mas o tempo para lá estar não é muito e até agora ainda não tive tempo suficiente para desfazer as minhas dúvidas. Anceio por mais tempo para me dedicar ao laboratório, para me dedicar a desfazer as minhas dúvidas. Se por um lado assusta-me acabar os estudos, por outro há muito que me sinto farta de aulas, trabalhos, professores.. Desejo um semestre mais livre para me dedicar a descobrir os meus gostos para que não me arrependa no futuro de decisões tomadas agora.
O que me assusta no estágio não é a escolha do sítio para onde vou, não sentir que não aprendi tanto como esperava nestes anos.. Sei que podia ter dado mais de mim nestes anos, mas teria de abdicar em parte da minha vida pessoal e social e recuso-me de fazer tal coisa. No entanto, não acho que seja por isso que sinto que aprendi menos do que queria. Não receio não ser a melhor quando sair da faculdade. Sou só mais uma estrelinha entre os milhares que existem no firmamento. Não posso esperar que o meu brilho, ainda tão recente e inexperiente, ofusque todas as outras. Tenho noção que tenho muito que aprender. O que me assusta é não saber se vou fazer a escolha certa, se vou escolher ou não algo que vou gostar. É o receio de não saber sobreviver num mundo completamente diferente do mundo de estudante. É não saber se vou saber lidar com atitudes que são tão comuns no mundo do trabalho, mas que não entendo. Assusta-me a perspectiva de me ser retirado de repente o único meio que conheço e de finalmente perder toda a irresponsabilidade e inocência infantil que ainda me resta.

1 comentário:

Anónimo disse...

O medo é uma coisa normal. Não sei se contigo foi a mesma coisa, mas eu quando entrei para a faculdade tinha um medo terrível de me ter enganado no curso, de que não ia gostar disto. Hoje ainda tenho essas dúvidas (o que explica muita coisa :P). O que está a acontecer agora é a continuação desse medo. Durante 4 anos tu sabias o que estavas a fazer, sabias o que o amanhã ia trazer: aulas, colegas e trabalhos. Não havia um elemento de risco, do desconhecido. Agora esse elemento existe.
Mas tenta ver as coisas desta maneira: tu já fizeste mais do que muitos, já te superaste e já te melhoraste mais de mil vezes. Não és agora uma melhor pessoa (a todos os níveis) do que quando entraste para o Técnico? Acredito que os desafios que a vida nos dá são sempre proporcionais à nossa capacidade de lidar com eles. Tu estás preparada para o que o futuro te der, disso tenho eu a certeza.
Pensa nisto como mais uma experiência espectacular da vida, uma oportunidade de sentir coisas novas, de saber mais, de ser feliz.
A tua estrela é muito mais brilhante do que tu pensas...