18 novembro 2006

Interrail - Parte 6: Entre a Finlândia e a Noruega

Bem, mais uma vez me vi obrigada a uma ausência prolongada. Desta vez o post será a descrição do nosso percurso entre Helsínquia e a Noruega.
Saindo de Helsínquia, dirigimo-nos para a Região dos Lagos onde decidimos passar a tarde. Escolhemos a localidade de Lappeenranta, a primeira desta região. Esta é uma localidadezinha simpática, sem muito para ver. Destaca-se a bonita fortaleza onde foram mantidas algumas casa típicas (habitadas) e alguns lojinhas também típicas. A fortaleza estende-se até ao enorme lago. Na altura em que fomos estava a haver um concurso de esculturas na areia e descobrimos o representante luso. Confesso que não era das melhores...

Depois de uma tarde bem passada junto ao lago, apanhámos o comboio nocturno até Oulu, uma cidade junto ao Golfo de Bothnia, muito para norte em relação a Lappeenranta. A viagem foi feita num comboio sem compartimentos e portanto tivemos de dormir sentados, sem grandes alternativas de posição até porque o comboio ia cheio. O cansaço permitiu-nos dormir relativamente bem. Chegamos cedíssimo a Oulu, perto das 7h30 da manhã. Como é óbvio estava tudo fechado. A cidade, apesar de supostamente turística, não tinha muito a oferecer pelo que nos apercebemos pelos mapas. Passámos a manhã a conhecer o pouco que Oulu tem para oferecer e seguimos para Rovaniemi. Esta é uma localidade no norte da Finlândia sem muito movimento, mas bastante simpática. Aqui encontrámos muita hospitalidade e simpatia. Para minha alegria a cidade tem inúmeras lojas de souvenirs cheias de coisas maravilhosas. A vontade era trazer uma coisa de cada, mas infelizmente estavamos limitados de espaço e peso e tivemos de ter algum cuidado durante toda a viagem na escolha dos souvenirs para nós e para a família.
A 8km de Rovaniemi fica a Santa Claus Village onde, supostamente, vive o Pai Natal. Excusado será dizer que este é um local especial para as crianças e foi-nos dito qe durante o mês de Natal é quase impossível de lá ir devido ao elevado número de visitantes que recebem. Felizmente para nós estavamos em pleno Agosto e assim muito fácil de visitar. Na Santa Claus Village é sempre Natal. Todas as lojas estão enfeitadas como se fosse Natal. Achei que estava demasiado virado para o turismo, demasiadas lojas e aproveita-se para fazer dinheiro com tudo. Pedem 6 euros por uma carta verdadeira do Pai Natal, outros 5 para visitar a fábrica de brinquedos e até para ver o Pai Natal é preciso esperar na fila e o "ver" consiste em tirar uma foto com o Pai Natal que provavelmente se tem de comprar a seguir. Obviamente que dispensamos estas coisas e aproveitamos para visitar o que não se pagava. Percorremos todas as lojas, mas verificámos que as coisas eram mais caras que em Rovaniemi e deixamos as compras para mais tarde. Fomos até aos correios oficiais do Pai Natal e enviámos alguns postais às pessoas que me tinham pedido e à minha mãe. Arrependi-me de não ter colocado um para mim para ser recebido no dia de Natal. Convém dizer que são uns correios extremamente eficientes: dois dias depois e as pessoas já tinham recebido os postais.

Aproveitamos para saltar a linha do círculo Polar Ártico, como qualquer turista que lá vá e tirar muitas fotos. Aí está ela, a Linha do Círculo Polar Ártico e a placa com as direcções das principais capitais do mundo e respectivas distâncias (Lisboa não incluída).

O meu telémovel não deve ter gostado de passá-la porque deixou de ter toque a partir daí. Almoçámos numa cabaninha parecida com as dos índios, onde comemos salmão grelhado numa fogueira feita no meio da tenda, servido em cima de cascas de árvore (devidamente limpas, óbvio), com pão e uma éspecie de salada russa.
Foi uma manhã muito bem passada apesar de ter pena de não ter visto as renas do Pai Natal que supostamente deviam andar por ali. A tarde foi passada a visitar Rovaniemi e a fazer compras. O dia seguinte foi passado em viagem. Tivemos de apanhar comboio, 2 autocarros e finalmente outro comboio para chegar a Gällivare, uma cidade a norte da Suécia, a cidade mais a Norte que visitámos. Gällivare é conhecido pelas suas minas, umas das maiores da Europa e até mesmo do Mundo. Infelizmente não tivemos tempo para as visitar. Já chegámos perto das 19h e estávamos bastante cansados. Fomos super bem recebidos na pensão que tinhamos marcado. Rapidamente percebemos que era uma pensão familiar. Assim que chegámos foi-nos oferecido café ou chocolate quente. Pedimos que nos indicassem um supermercado pois o dia seguinte era de viagem também e precisavamos de comprar algumas coisas, além do jantar para essa noite. O dono explicou-nos que à aquela hora já não havia muita coisa aberta e prontificou-se a levar-nos ao supermercado mais próximo. Acabou por ser a mulher dele, uma sra. filipina, que nos levou e que esteve pacientemente à nossa espera no carro enquanto faziamos as compras.
Na manhã seguinte saimos cedo. O objectivo foi apanhar novamente o Inlandsbanan e fazer outro dos seus percursos, desta vez o dia todo. Desta vez conseguimos ver renas. Infelizmente não consegui fotografar nenhuma. Muita água, muitos lagos, muitos rios e ribeiros e muitas árvores. Parámos quando passámos a Linha do Círculo Polar Ártico, desta vez assinalada só por placares já que estávamos no meio do campo e recebemos uns diplomas pela passagem. Aproveitamos para experimentar mais alguns pratos típicos suecos: umas bolas de puré de batata recheadas com fiambre, rena novamente e um gelado com cobertura de um doce feito à base de cloudberry's, um fruto amarelo semelhante às amoras e com sabor parecido ao mel. A viagem foi feita na companhia de uma excursão de alemães que ao jantar largaram tudo para fotografar um comboio de carga absolutamente normal. Há gente estranha. Fui perseguida pelo comboio (estava tudo controlado) quando saímos para ver um rio.
A viagem acabou por se tornar cansativa por ser tanto tempo e concluímos que o primeiro percurso que fizemos foi o que gostamos mais. No final do dia estavamos novamente em Östersund aonde ficámos a dormir. No dia seguinte seguimos para a Noruega. O objectivo era chegar a Oslo. A viagem foi feita com as sobressaltos. Começou por achar que íamos de comboio e já estávamos na plataforma certa quando veio um sr. ter connosco e explicar-nos que afinal tinhamos de ir primeiro de autocarro. Mais tarde percebemos que parte da linha estava em obras e por isso tivemos de fazer parte do percurso de autocarro e só depois apanhar o comboio. Chegámos a Trondheim pensando que depois era só apanhar o comboio para Oslo depois de almoço. O único comboio do dia estava lotado! O preço para ir de autocarro era algo impensável e tinhamos hotel marcado para essa noite. Disseram-nos para falarmos com o condutor do comboio para saber se podiamos viajar mesmo assim. Com a neura nem quis ir ver a cidade. Apanhámos uma seca na estação. Felizmente o condutor era simpático e deixou-nos viajar na mesma, bem com a um grupo de rapazes de nuestros hermanos que estavam na mesma situação. A situação acabou por se tornar divertida porque cada vez que o condutor fazia um aviso pelo rádio acabava sempre a dizer que iam tentar ajudar todos os que não tivessem lugar a arranjar sítio onde ir. Felizmente fomos sempre sentados até porque os lugares não estavam ocupados a viagem toda. Com algumas mudanças a meio da viagem, fomos sempre confortavelmente instalados. Chegamos a Oslo já tarde, mas as ruas estavam apinhadas em gente. Oslo tem imensa vida à noite. O nosso hotel ficava na rua de esquina com o Hard Rock Café. Sabendo isto e vendo depois o quarto de hotel rapidamente concluimos que não iamos de certo pagar só os 73 euros por noite anunciados no site, mas resolvemos não pensar muito no assunto :p. A viagem por Oslo fica para o próximo post.